MATÉRIA 27/05 quarta-FEIRA - MATÉRIA 012 / DE: francine santos
Para quem não a conhece e tem em mente um país castigado pela fome e pobreza, com certeza se surpreenderá com a descrição que o escritor Marcelo Pontes deu a ela.
Repleto de mistérios e fenômenos considerados santos, esta terra de monges e peregrinos causa espanto para muitos. Para quem mora aos arredores de Lalibela é comum ver a transmutação da água em vinho. Mas este é apenas mais um dos vários fenômenos dessa terra miraculosa.
Pelas cidades, inúmeros peregrinos tomam as ruas em mantos brancos, uma procissão em volta da mais devastada terra da África.
Apesar da pobreza, existe outro lado dessa história na visão do autor, onde casas de barro, chão de terra batida e crianças subnutridas fazem parte do contexto:
Axum era uma cidade pequena. A poucos metros, Hanz sentia-se regressando no tempo entre casas de pedras irregulares e argamassa de barro, com teto de estrados de madeira cobertos com palha.
– Eu imaginava que as cidades etíopes eram pobres, mas é espantoso de estar aqui e ver com meus próprios olhos este lugar; parece que estou voltando para a pré-história – afirmou o mergulhador, surpreso com as humildes infraestruturas daquela terra castigada.
– Não é pobreza, e sim simplicidade – definiu Aaron.
– Eles não trabalham?
– Apenas atividades sustentáveis.
– Eu imaginava que as cidades etíopes eram pobres, mas é espantoso de estar aqui e ver com meus próprios olhos este lugar; parece que estou voltando para a pré-história – afirmou o mergulhador, surpreso com as humildes infraestruturas daquela terra castigada.
– Não é pobreza, e sim simplicidade – definiu Aaron.
– Não vejo simplicidade e sim, privação.
– Os etíopes não pensam como o resto do mundo.
– Como assim?
– O trabalho para eles é visto como transtorno ao corpo, como uma espécie de punição.
– Apenas atividades sustentáveis.
– Mas, por quê?
– Eles possuem uma crença conhecida como iddil, uma corrente que flui empurrando
as pessoas para a destruição. – Aaron levantou sua face para o alto do
planalto. – Então não importa a determinação do indivíduo, o destino de cada um
sempre será cumprido, retornando a seu estado primitivo. Por isso o progresso
do ponto de vista etíope não faz sentido.
– Que visão negativista.
– Negativista?
– É como se não houvesse uma esperança para o
amanhã.
– Exatamente, por isso eles também não vêm o
tempo de forma linear, mas sim cíclica.
–
Cíclica! – exclamou baixinho lembrando-se das explicações de José Armando. – “Rogério acreditava que existia uma força
desconhecida que influenciava a probabilidade das ocorrências e gerava tais
ciclos”.
Hanz caminhava de forma automatizada, pois seus
pensamentos vagavam.
Alcançando uma estrada de terra, Aaron chamou
sua atenção:
– Oh! Bela adormecida; acorda!
O mergulhador piscou seus olhos. – Desculpe.
Vendo crianças correndo e sorrindo pelo
caminho, o velho corvo alegrou-se espiritualmente. Após bagunçar os cabelos
revoltos de um dos meninos que corria ao seu redor, ele voltou-se para seu
amigo descrente.
– A pobreza que você descreveu não está neste
lugar.
– Como não?
– Olhe para o rosto desse povo. Estes vivem bem
e sorrindo. Na Etiópia não há tristeza, depressão ou suicídio; todos contemplam
a grandiosidade de cada dia neste planeta. – Aaron fez uma pausa. – Veja a
diferença dos que habitam as grandes cidades, que exaltam a frustração e o
pessimismo, trabalhando exaustivamente para dias melhores que nunca serão
alcançados. Eles são incapazes de reconhecer a verdadeira beleza da vida,
revelada em sua simplicidade. Se o mundo diz que estes são pobres, eu digo:
estes são ricos, ricos em espírito e alegria.
Símbolo Oculto –
Algoritmos Sagrados
Mas como já falamos, a Etiópia não tem apenas um pé, plantado na pobreza, sua riqueza cultural e religiosa surpreende até os descrentes. É claro que podemos ficar aqui, escrevendo páginas e mais páginas sobre os diferentes pontos sagrados, mas iremos focar no monastério de Narga Selassié na ilha Dek, um dos locais descrito no livro.
Narga Selassié é um monastério na costa ocidental da ilha de Dek, a maior ilha do Lago Tana, no norte da Etiópia. O monastério foi construído no final do século 18, usando como material de construção o gigantesco figo-sicômoro, árvore que no passado estava no centro do monastério. Dentro do local conhecido como Santo, encontramos inúmeras pinturas, incluindo uma peça descrita no livro, a pintura de São Jorge.
Narga Selassié é um monastério na costa ocidental da ilha de Dek, a maior ilha do Lago Tana, no norte da Etiópia. O monastério foi construído no final do século 18, usando como material de construção o gigantesco figo-sicômoro, árvore que no passado estava no centro do monastério. Dentro do local conhecido como Santo, encontramos inúmeras pinturas, incluindo uma peça descrita no livro, a pintura de São Jorge.
É fato que na Etiópia um de seus padroeiros é São Jorge, porém o que descreve no livro “Símbolo Oculto” é uma relação direta com o famoso Santo Graal. Claro que você já deve ter lido vários livros com esse tema, mas nenhum mostrando a verdadeira simbologia por trás da peça.
Voltando a pintura ao lado, foque em seus detalhes. São muitos, mas vamos nos concentrar na lança, uma lança diferente com uma cruz na outra extremidade. Quem leu o livro até seu final sabe o desfecho poético de toda essa simbologia, mas se você ainda não leu, vou informa-lo que a imagem de São Jorge está sempre relacionada à crucificação em todas as pinturas existentes nos monastérios da ilha Dek.
Não vou me estender mais as pinturas de Narga Selassié, caso contrário estaria cometendo um spoiler.
Voltando a pintura ao lado, foque em seus detalhes. São muitos, mas vamos nos concentrar na lança, uma lança diferente com uma cruz na outra extremidade. Quem leu o livro até seu final sabe o desfecho poético de toda essa simbologia, mas se você ainda não leu, vou informa-lo que a imagem de São Jorge está sempre relacionada à crucificação em todas as pinturas existentes nos monastérios da ilha Dek.
Outro ponto importante para comentarmos é a influência dos cavaleiros Templários na região. O livro fala um pouco sobre isso, principalmente descrevendo a interferência cultural sobre o povo etíope. Ainda hoje, podemos ver símbolos templários em todos os rituais na Etiópia. Mesmo após o triste final da organização em 1312, remanentes da atualizada Ordem de Cristo esteve participativa nas regiões Etíopes. .
Enquanto caminhava ao lado da margem seguindo
seu guia, uma cena lhe chamou a atenção: à beira do lago alguns homens
recolhiam pedras. Com a água nas pernas, eles erguiam as pesadas rochas
sedimentares em dupla, depositando-as no barco.
– Você não me disse que etíopes evitavam o
trabalho pesado? – indagou o mergulhador encarando os homens que sofriam com
sua carga.
– Sim, por quê? – indagou Aaron.
– Por que aqueles homens estão carregando
pedras a essa hora da manhã?
– Uma herança dos Templários.
– Templários?
– Sim, no passado eles usaram o povo etíope
para erguerem construções monumentais.
– Que tipo de construções?
– Paciência, e você verá.
Algoritmos Sagrados - Símbolo Oculto
Agora fica a pergunta: o que eles queriam com a Etiópia? A resposta pode estar na pintura de São Jorge; para descobrir apenas lendo o livro.
Francine Santos
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